NOTA: 4
- O Vitral Encantado – Diana Wynne Jones
- Ano: 2015 / Páginas: 304
- Idioma: português
- Editora: Galera Júnior
Há pouco tempo escrevi um post comentando sobre a minha surpresa com a escrita maravilhosa da Diana, dizendo que estava disposta a ler os 40 livros dela. Pois bem, estou aqui para falar sobre o livro que me fez amá-la, os pontos positivos e negativos.
O protagonista é um herdeiro – Andrew – de um mago muito poderoso, que acaba de falecer. Ele deixa para o neto um campo de proteção, que ele precisa preservar para manter em segurança uma comunidade “mágica”. A obra continua com o aparecimento do segundo personagem principal, Aidan, um menino de doze anos que está sendo perseguido por criaturas sombrias e é acolhido por Andrew, em sua mansão, assim como outros que são trazidos pelos empregados que lá trabalham: a rabugenta Sra. Stock e o vingativo Sr. Stock, que, por mais que tenham o mesmo sobrenome não são casados, muito pelo contrário, se odeiam. Ambos passam grande parte da narrativa – senão toda ela – resistindo às mudanças que Andrew tenta fazer na casa e usando de seus “artifícios” para “colocá-lo nos eixos”. A história se desenrola com os mistérios sendo desvendados – tanto sobre o passado de Aidan quanto o de Jocelyn – e com Andrew redescobrindo seus poderes mágicos conforme as situações aparecem.
A história em si é um ponto positivo. A Diana apresenta para nós aquela forma antiga de contar histórias, uma criatividade espetacular de uma mente que voa longe. Acredito, pela minha experiência com este livro, que lendo uma obra dela é possível descansar dos clichês que são publicados recentemente e pular em um mundo totalmente novo, onde as coisas têm aquele ar de mágica e mistério que te fazem refrescar o seu momento como leitor.
A escrita é um show a parte: é tão fluida e tão deliciosa que você se pega devorando – calmamente – as páginas, querendo absorver cada detalhe, se deliciando e curtindo as passagens.
Outro ponto em que ela acertou em cheio foi na construção dos personagens e na relação entre eles. Eles são muito bem feitos, você os conhece com o tempo, os identifica. São bons e são ruins, são rancorosos e, ainda assim, amorosos. Eles são de verdade. E não falo só dos principais, todos eles têm suas nuances que contribuem para a história e deixam ela mais leve e mais divertida (ou não, em algumas passagens deixam a história mais pesada mesmo, e isso é que é o diferencial de ter personagens bons).
Mas… sim, temos pontos negativos. O confronto final deixa muito a desejar, não é grandioso como deveria ser, enfim, não é tão bom assim. Achei também que algumas revelações foram feitas de forma brusca, e outras não foram feitas. O final veio rápido demais, como um tapa. Pessoalmente, não acho que tenha sido um erro da autora, o que dá a entender é que ela tinha planos para fazer uma continuação, porém, infelizmente ela esteve muito doente durante o ano em que foi publicado o Vitral Encantado e veio a falecer em 2011, deixando-nos para sempre com essas pontas soltas.
Ainda assim, indico bastante o livro. Principalmente para as pessoas que desejam melhorar suas habilidades de escrita. A mulher realmente foi uma fera escrevendo e, para quem gosta de fantasia, é impossível não se deliciar com a execução dela.
Sinopse
O avô de Andrew Hope acabou de falecer e lhe deixou seu casarão como herança. Mas muito mais do que isso. Ele era um grande mago e Andrew herdou também o campo de proteção da propriedade (o que automaticamente o torna responsável pela segurança de todos os que vivem ali) e um curioso artefato: um vitral de muitas cores e claramente mágico. Quando o jovem Aidan Cain, caçado pelos temidos Perseguidores, surge em sua porta à procura de abrigo, Andrew encontra nele um amigo para desbravar os arredores do casarão. Mas com Aidan ele vai descobrir que o passado de sua família pode ter muito mais magia do que imaginava. Diana Wynne Jones nos proporciona uma aventura delicada e cheia de humor britânico moderno. O Vitral Encantado é um prato cheio para os fãs de Neil Gaiman e outros autores de fantasia.
A Cheiradora de Livros 
Deixe um comentário